Presidente do Congresso do Peru cancela vinda ao Brasil após país conceder asilo a ex-primeira-dama
Comitiva liderada por Eduardo Salhuana visitaria São Paulo na próxima semana; ruído gerado pelo episódio motivou a decisão. Nadine Heredia se refugiou em e...

Comitiva liderada por Eduardo Salhuana visitaria São Paulo na próxima semana; ruído gerado pelo episódio motivou a decisão. Nadine Heredia se refugiou em embaixada e, depois, foi trazida em voo da FAB para o Brasil. O presidente do Congresso do Peru, Eduardo Salhuana, cancelou uma visita ao Brasil após o governo brasileiro conceder asilo diplomático à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia. Uma comitiva liderada pelo parlamentar tinha visita programada à cidade de São Paulo na próxima semana. No dia 24, Salhuana participaria de uma cerimônia de boas-vindas na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). A decisão pelo cancelamento foi tomada após recomendação do Ministério das Relações Exteriores peruano, segundo pessoas que participavam das tratativas para a visita de Salhuana. Ollanta Humala e Nadine Heredia, ex-casal presidencial do Peru, foram condenados Getty Images/BBC A avaliação é a de que, embora o asilo diplomático não deva gerar nenhum grande atrito entre os dois países, o tema tem causado ruído no Peru, e a agenda deve ser evitada neste momento. Procurada pela GloboNews, a Embaixada do Peru no Brasil afirma que "não está em posição de comentar sobre esse assunto". O Ministério das Relações Exteriores e o Congresso do Peru, por sua vez, não se manifestaram até a publicação deste texto. Quem é a ex-primeira-dama do Peru refugiada no Brasil e por que ela virá a Brasília A Câmara de Comércio Brasil-Peru, que organizava a recepção ao parlamentar peruano junto com o gabinete do deputado estadual paulista André Bueno (PL), emitiu uma nota em que afirma que a visita foi adiada "por razões de força maior". "A comitiva liderada pelo presidente do Congresso do Peru, que tinha programada uma visita à cidade de São Paulo no dia 24 de abril —na qual participaria, entre outras atividades, de um evento convocado pela Alesp com o apoio institucional de nossa Câmara— teve que ser adiada", diz o comunicado. Na avaliação de um interlocutor familiarizado com a agenda que seria cumprida por Salhuana em São Paulo, embora o asilo concedido pelo governo brasileiro a Heredia tenha gerado comoção no Peru, ele não deve prejudicar a relação entre os dois países nos âmbitos econômico e comercial. "Estimo que essa situação será, ao final, superada em benefício de ambos os países e de suas históricas relações de amizade e colaboração", afirma esse interlocutor. 'Gera um liberou geral que vai afetar a anistia pretendida por Bolsonaro', diz jurista sobre asilo no Brasil a ex-primeira-dama do Peru Explicações Em declarações à imprensa peruana na quarta-feira (16), o presidente do Congresso disse que o governo do Peru agiu de acordo com o direito internacional ao conceder o salvo-conduto à ex-primeira-dama. "Fica claro que se o salvo-conduto fosse negado ao nosso país, isso causaria um problema diplomático com o Brasil, que é nosso principal parceiro comercial e o quarto no cenário internacional, o que poderia causar repercussões", afirmou Salhuana. O parlamentar disse ainda que há um pedido feito pelo próprio governo peruano para que o ministro das Relações Exteriores, Elmer Schialer, seja recebido no Congresso para explicar as razões legais e políticas para a concessão do asilo. Asilada Heredia é esposa do ex-presidente Ollanta Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016. Ambos foram condenados por lavagem de dinheiro de empreiteiras brasileiras – Humala está preso pelo crime. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores confirmou que ela e o filho, de 14 anos, obtiveram a concessão de asilo diplomático e chegaram ao Brasil na quarta-feira. "A senhora Alarcón e o seu filho passarão, agora, pelos procedimentos necessários para sua regularização migratória no Brasil", disse o Itamaraty. Ex-primeira dama do Peru – condenada por corrupção - chega ao Brasil depois de receber asilo A regra do asilo Segundo a Convenção sobre Asilo Diplomático, de 1954 e promulgada pelo Brasil em 1957, o asilo diplomático pode ser concedido a pessoas consideradas perseguidas políticas. Segundo o governo peruano, a convenção foi mencionada pela embaixada brasileira em Lima durante as negociações com o Ministério das Relações Exteriores do país. A convenção define ainda que todos os países que assinam o documento podem conceder asilo diplomático a quem quiserem, mas não são obrigados nem precisam se explicar quando optarem por não conceder.